jueves, 5 de febrero de 2009

O méxico, aqui

Hoje não tem festa, não tem música, não tem diversão.




Debaixo dos nossos pés, ergue-se uma massa gigantesca, 60 mil moradores, só metade escolarizados, mais de um quarto desempregado, cercados por 20 e cinco mil milionários mais quinhentos brucutus armados de 12s, cavalos, carros, bombas e cassetetes.

O cínico cenário social da tragifarsa só não estava visível para quem não quisesse ver.



Atrás de um ladrão de caminhonete, os brucutus entraram a toda ruelas adentro, de 12 na mão, para cumprir seu dever junto ao Estado. São homens que ganham pouco pelo serviço sujo, mas convictos de que, ao servirem ao Rei, servem ao povo. E o povo, ciente de que, antes de tudo, já vive o estado de sítio, prefere o bandido ao mocinho, simplesmente porque o bandido olha na sua cara, e que o Rei, quando olha, só vê lixo e problema a ser varrido.

Cossacos metidos a Charles Bronson.



Mas o problema não se reduz a uma historieta novelesca. Não se trata de roteiro de romance onde o final já se deduz no começo. Não se trata de um roteiro onde o mocinho está na esquerda e o bandido na direita. A Flora vai morrer? Lá longe, vai, mas, aqui do lado, sabe lá Deus. Se partirmos do princípio de que o povo é o oprimido, e o Rei, o opressor, quem são os cossacos metidos a Charles Bronsom? Os opressores? Mas quem é essa classe alta que, lavando as mãos, defende à distancia, num blog, o povo?

O problema todo fica mais complexo, embora sob uma falsa aparência simplista, quando noticiado pelos helicópteros da mídia televisiva. Os periodistas fazem do problema um espetáculo. E, enquanto espetáculo, montam o cenário dividido apenas entre bandidos e mocinhos. Fica mais fácil para o espectador entender.

A simplificação do fato o torna, em verdade, mais complexo. Primeiro, porque é falsa. Em segundo, porque, ao sobrepor uma nova imagem falsa à coisa, cria uma terceira coisa já viciada. E, disto, se deduz que a mídia é, também, um poder. Mas, quem são as fontes da mídia? Os cossacos?

O deserto, onde os conflitos de classe se reduzem a conflitos diretos entre dois cabrons, ficou pasmo frente a complexidade e a violência do conflito. Ficou estático. Suspendeu sua história para chorar a alheia. Acostumado a macarronadas, enquietou-se frente um dilúvio social.

El Justiciero baixa a cabeça, entende a estrutura e, impotente, silencia-se.

Talvez, daqui pra frente, os conflitos mudem de direção...

5 comentarios:

Anónimo dijo...

El Justiceiro gostaria de ouvir sua opiniao sobre estes ultimos fatos ocorridos.....

Anónimo dijo...

Zizia est'a um pouco atormentada, desconsidere o comentario acima.

zra

Mari dijo...

Às vezes fico pasma, como consegue sempre escrever e receber elogios. De todos que li, sem dúvidas esse é o melhor, e claro, por inúmero motivos. Simples, mas sempre me frente. Pra que estacionar e não inovar?

apesar de ser longe do deserto, o deserto abre portas para você, sempre.

um beijo no nariz, sem mais e sem pistolera, hoje e sempre

mari

Anónimo dijo...

mariana menina maluquinha to feliz pra caralho com seu comentário seu blog seu estado de espírito e tudo mais - desculpe a fuga do deserto, mas, se perceber, este post é escrito do ponto de vista do deserto - ele é o foco da narrativa, da tensão, do suspense, do climax, do tchans, da estética - sem ele, nada disso seria possível.
Às pistoleras - um brinde!
bjos, bronco.

Anónimo dijo...

formidavel!!!! just like you baby! bru, caralho...sempre sempre sempre sua admiradora! como tenho orgulho de vcs!!! como ja disse varias vezes repito hoje: estarei sempre na primeira fila, em pe, aplaudindo ate a mao dar caimbra!!! te amo garotinho!