martes, 23 de marzo de 2010

A volta de Zari

Então, depois de ficar estendida no chão por quase duas semanas, ela levantou. Respirou, arrumou o cabelo, sacudiu a areia do corpo, sugou o próprio sangue e caminhou até o bar mais próximo. Ninguém estava ali para ver sua volta. Gritou e ninguém respondeu. Entrou no bar, pensou numa dose de tequila, imaginou uma dose de whisky, desejou uma vodka, sussurrou por um mojito, gritou por um gin. Era gin que ela precisava para lembrar do velho deserto Zarcelona. Sabia que precisava ser forte mais um vez. Que de pirata ele não tinha nada, era mais um sapo disfarçado. Matou sua sede com garrafas de gin. Ninguém jogava sinuca, ninguém bebia ao seu lado. Estava sozinha de novo no deserto. A rua principal do pueblo estava vazia. Imaginou as pistoleras causando em algum pueblo vizinho. Pensou no Justiciero aparecendo como Mestre dos Magos, mas nem ele surgiu para consolá-la. Sabia que precisava ficar sozinha. Que nenhuma pistolera digna iria aceitar aquela situação, morta por uma bala mal atirada.
- Pegou de raspão. - disse ela a si mesma.
Bêbada, se equilibra nos sapatos de salto alto. Cospe no chão querendo suas botas. Procura por Faísca, mas nem seu próprio cavalo estava alí. Sabia que deveria caminhar bêbada até sua própria casa, sem ajuda de ninguém.
Passou pelos brejos afundando seus belos pés na lama, cospiu em quase todos, e matou com seus próprios pés alguns sapos ainda vivos.
Abre a porta de casa e se depara com a surpresa....

3 comentarios:

Zarcas dijo...

Uhhhhhhhh a casa de Zarcela esta sendo bem frequentada?????? Finalmente em Zari nao aguentava mais essa melancolia.... Chacoalha a poeira e volta p ca....vem vem vem!
Eu estou no rehab nesse momento mas assim que recarregar as energias vamos dar uma espiadinha por ai falo! Lov u

Mari dijo...

sexta tem zalco!

Thais Abrahão dijo...

E o mais incrível é que nem as pistoleiras passam ilesas. Encontram outros recursos, se defendem, caem e lavantam com mais decisão, mas em algum instante também terão que olhar pra aquilo que de mais ardido há no coração: nossa doce solidão...
Amei o seu texto. Simplesmente IN-CRÍ-VEL!
Beijos