El Justiciero engole seco mais uma vez. De olhos fechados agradece ao roteirista pela Argentina e pela vida. Abraça Zezão a agradece.
Saem caminhando com as espingardas empossadas entre as mãos e os ombros, segurando as rédeas dos cavalos nas outras, observando o sol - fogo e vida - que calmamente se apresenta e saúda-os com um “bom dia” calmo e grandioso. Zezão equilibra sobre os pezinhos entortados pra dentro a força de uma mulher dona do marido, da casa e das armas e a tranqüilidade de uma assassina objetiva e fiel aos companheiros. El justiciero absorve o primeiro dia do resto da sua vida...
Recorda-se, adocicado pelos restos de bolacha Bueno entre os dentes e aquela acidez alcoólica que sempre lhe confundia o pensamento ao mesmo tempo em que dava-lhe objetividade e coragem, de frases pretensiosas como “homem que fala de si na terceira pessoa, histórico invejável, conquistas incalculáveis, profundidade oceânica eticeteras vezes mil” e as contrapõe às cenas quase-fatais que acabara de viver. Tinha aprendido uma lição. Subira alto demais: entitulara-se tão forte, que arriscou colocar nas mãos de um qualquer uma arma e pretensiosamente gritar “Atire!” – como nos bons filmes de bang-bang. Mas, aprendera, esse fundo mundo seco e roído não é apenas um filme. É mais. É o cenário dos desejos das vidas de muitos outros. E, como ele mesmo havia declamado despretensiosamente, tratava-se de um deserto aberto para todos. E a arma não caiu nas mãos de um roteirista qualquer. Mas, pior, mesmo se tivesse caído, aprendeu que qualquer um pode tornar-se um grande atirador, se assim desejar. Foi pretensioso demais. Subjulgou os homens de El pueblo.
- Hoje a noite terá uma festa boa.
- É mesmo? O que pega hoje?
- Depois de 9 anos, Zraide volta para o deserto!
Por sorte, a arma caiu nas mãos de alguém com uma alma profunda, que soube, além de angular bem a mira e os cortes, fazer El justiciero cair de joelhos e sentir-se uma mísera formiga na história de El pueblo para, então, adocicar sua morte. Por piedade? Bondade? Não! Por grandezaa de espírito. Teve sorte.
- Não imagino como esteja Zraide.
- Mesmo estilão.
- Pago para ver.
El justiciero é bom para falar dos outros, do mundo, de política, de poesia, grandificar a vida, o significado dos fatos, dar-lhes história, mas não sabe falar de si mesmo. Enrola-se com as palavras. Sabe reagir ao mundo, mas não a si mesmo. Precisa dos outros, mas, antes, encara-os para dominar-lhes o movimento. O deserto faz isso com as pessoas. Tornam-se produtos do meio social e físico em que vivem. São homens fortes e de caráter, mas vivem em um deserto profundamente solitário...
- Deve estar com sede.
- dos infernos.
- Você caiu na mais velha das armadilhas...
- Sou tão vulnerável como qualquer cabron aqui.
- Mas é metidinho à besta.
- Não sou eu que sou. É o deserto que pede que eu seja...
- besteira sua.
- Besteira ou não, não espere que eu mude. Mesmo abalado, tenho um nome a zelar nesse tiroteio.
Encapou o chapéu. Zezão seguiu reta sem dúvidas, como sempre. El Justiciero deixou o sol engrandecer-se sobre El Pueblo, que já aparecia no horizonte.
- Lindo dia, não.
- Como sempre, Justiciero. Como sempre...
Qualquer palavra a mais seria destituída de sentido. A história de El Pueblo estava mais uma vez, como sempre esteve, aberta aos novos forasteiros. Mas, mais uma vez, como sempre, para aqueles que a encarassem de frente.
lunes, 27 de julio de 2009
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3 comentarios:
Bora tornar o post realidade e trombar o Zraide. Hoje? A noite? Juntos: El Justiciero, Zorto, Zraide e Ziwinsky?
Até que enfim teremos mais pistoleros do que pistoleras no deserto!
brinde a vida!
um deserto assim eh o que tenho de costume!!!! hahahaha!!!
e adoro cada vez mais saber que estou nele!!! mesmo qdo ele tenta me deixar pra tras, a forca interna maior faz as coisas continuarem acontecendo! inclusive novas inesperadas!!!
No doubts Zali my darling!!!
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