domingo, 26 de julio de 2009

La muerte del Justiciero ??? (Parte II)

a dois quilômetros dali, no meio do deserto, distante de nada, parou em pé:- vamos logo com isso, RO-TEI-RISTA! – ecoou...

Sem sinal nenhum, sentou no meio da estrada. Abriu um pacote de bolachas Bueno de chocolate e comeu, uma por uma. Depois de 7 bolachas mastigadas, a papa, o seco, a sede. Tentou enganar a mente e fingiu se interessar pelos cactos. Não resistiu e comeu a oitava bolacha, engoliu com muito esforço e rezou por um copo d’água.

Pausa! Como disse mesmo El Justiciero, o roteirista era medíocre. E se ele era medíocre, el justiciero pode morrer até mesmo engasgado com as bolachas ruins de chocolate e secas. Pode morrer também de sede. Pode morrer atropelado, estuprado, assassinado. Pode até cair de mau jeito de seu cavalo e quebrar o pescoço e não ter a sorte de ficar tetraplégico.

Mas (sempre tem um mas) a recém pistolera era mais medíocre que o roteirista. Tinha muito mais sangue em seus olhos e tinha em suas veias a vingança fluindo. Ela tinha sede, quase a mesma sede del justiciero. O roteirista lava suas mãos, porque afinal el justiciero é ameaçado por sua e única falha no tiroteio da redação. Não exterminou direito e ainda coloca a culpa no roteirista. Ora bolas Justiciero! Vamos logo com isso. Aceitou tão rápido a morte que nem se justificou em querer matar a pistolera antes. Ficou ali, quieto esperando a morte chegar. Não lutou e nem matou direito. Mas que coisa mais previsível, que coisa mais sem graça. E agora fica ai sentado, pensando na vida, comendo bolachas de chocolate como se fosse a última vez. Se entregou tão rápido, saiu até del pueblo. Saiu sem se despedir.

A Vingança chegava ao som de tango. Melancólico, forte, raiva, choro. Essa é a sua trilha sonora, el justiciero. Nem trio Los Panchos estavam ali para te salvar dessa melancolia cantada ao bom e velho sotaque de nuestros hermanos. A dança estava preste a começar.

A noite nasce ali, bem ali, no horizonte da estrada em que el justiciero decidia se comia ou não a última bolacha do pacote.

- Se eu comer a última, eu não caso. – falou alto el justiciero.

Silêncio do deserto.

- E também pra que eu gostaria de casar???? – berra ele ao universo.

O vento assopra.

- Vuelve, como se vuelve siempre el amor, vulevo a vos con mi deseo, con mi temor, con un destino del corazón, como los aires de pueblo. Canta ela.

El justiciero chora desesperadamente ao ouvir ela cantando Carlos Gardel. Se levanta, joga o pacote de bolachas para o lado e se entrega aos braços daquela mulher. E juntos, dançam o último tango de sua vida ao nascer da lua cheia. A sombra no chão, as coxas que se entrelaçam, o amor, o respeito, o desejo. O tango tira el justiciero por alguns instantes do alvo. Com a rosa na boca, el justiciero se apaixona por aqueles novos olhos. E se convence que aquela seria a sua última troca de tiros antes de sua morte. Sorriu, agradeceu até o roteirista. Já que já ia morrer mesmo, ainda ganhou essa boiada com uma argentina, dançarina de tango, e gostosa. Recarrega suas armas, baila sozinho pela estrada, volta, pega no braço da mulher:

- Como te llamas, mujer de mi corazón?
- Venganza!
- Que rico! Quieres bailar conmigo esta noche?
- Y tu que? Creas que venir hasta aqui hacer outra cosa?
El Justiciero entregou-se a vingança, sem ao menos perceber, que era ela, a pistolera recém-nascida naquele fajuto tiroteio. Se entregou ao tango como um pato. Devia ter comido a última bolacha.

Sob a Lua Cheia, fizeram fumaças, trocaram os calores dos corpos, degustaram as novas peles que jamais seriam tocadas novamente. O beijo, o cheiro, o suor. Todos os últimos. El justiciero estava deitado pelado sob a estrada. Estava exausto, satisfeito e feliz. El Justiciero estava entregue. Além de tudo, estava apaixonado pela dançarina de tango. Pensava que se lutasse contra a sua morte, poderia viver muito bem longe do deserto ao lado de sua nova amada. Ouvindo tangos todos os dias, e amando como nunca amou. Tolo! Não desconfiou em nenhum segundo, que sua nova paixão era a morte em sua fuça. E ela, justiciero, não vai te matar com pistolas e armas. Muito menos com granadas. Ela é muito mais esperta, não quer chamar atenção, não que nem lutar com você. Até porque, aos poucos ela também sentia um amor por você. Mas ela se chama venganza, estava com muita raiva e esperava você dormir em seu colo, para aplicar uma injeção em seu braço.

Que morte mais tranqüila, mais ingênua, e sem sangue. E lá vai... el justiciero apoiando a cabeça no colo da venganza, ela fazendo cafuné e el justiciero preferindo esperar a morte para o próximo dia, já que o roteirista demora uma eternidade para acabar logo com essa história. O que haveria de tão ruim dormir um pouquinho no colo de sua amada e acordar só amanhã e amar mais uma vez la venganza? Ele adormece feliz. E la Vengaza gargalha alto, mas muito alto, tão alto que até as estrelas escutaram a vingança saindo de seu corpo e virando realidade. A injeção numa mão e o braço del justiciero em outra.....

Um único tiro. Certeiro. Atravessou o cérebro. Ele não acordou. Mesmo com tanto sangue em seu rosto. O amor tinha acabado ali. Jamais dançariam tango. Jamais se amariam embaixo da Lua Cheia. Era o fim de um amor. Bem mexicano. O roteirista decidiu. Ia ser mais fácil assim. Já que não lutou mesmo pela sua vida, já que nem estava ai. Já que só achava defeitos no deserto, resolveu colocar pilha na Zezão para decidir tudo aquilo ali.

Explico a cena do crime. El Justiciero dorme deitado sob a estrada e com a cabeça apoiada no colo da dançarina Argentina. No momento em que a Venganza daria a injeção no el justiciero, Zezão surge emputecida e atira pelas costas no cérebro de Vengaza. O corpo cae sob el justiciero e o suja de sangue. Ele, sei lá porque, acorda depois de 30 segundos:

- Eu morri?
- Não! Deveria. Mas te salvei.
- De quem?
- Da Vingança!
- Era ela?
- Eu não sei, seu filho da puta. Fiquei sabendo lá no pueblo que você estava com uma mulher que ninguém conhecia aqui na estrada.
- Mas quem me viu?
- Não importa. Importa que casamos no mês de junho com o pacto que você teria 10 homens e eu teria 10 mulheres. E vc mesmo assim, já foi pular a cerca?
- Mas achei que ia morrer, Zezão. Foi assim... apaixonante!
- Mais uma palavra, e eu mudo de idéia e te mato!

El Justiciero engole seco mais uma vez. De olhos fechados agradece ao roteirista pela Argentina e pela vida. Abraça Zezão a agradece.

- Vamos embora logo. Hoje a noite terá uma festa boa.
- É mesmo? O que pega hoje?
- Depois de 9 anos, Zraide volta para o deserto!

5 comentarios:

zruno dijo...

sem palavras...
el pueblo curva-se à genialidade do roteiro, da angulação das câmeras, da montagem de trás-pra-frente do crime, da acidez seca com que ergueu el justiciero pelo pescoço, do amor fiel com que adoçou sua morte, e da consciência com que deixou zezão interferir na trama.
el justiciero, tenho certeza, curva-se à grandeza deste povo e destas mulheres.
pode ter sido mal-compreendido certas vezes, mas, se morresse, morreria com a certeza que, no seu último round, fora compreendido. peço que, quando morrer, minha morte venha de surpresa. sem aviso. e, se possível, acariciada ppor uma pistolera como vcs.
o que a vida quando não se sente compreendido? amo vcs todas.
esposa.amante.amiga.companheira.
com o coração renovado, deixo uma rosa no chão onde quase fui pelos aires!

Mari dijo...

Oleeeeeeeeeeeeee! Mas que gana de vivir!!!!
Demais o comm!!!
seja novamente bem vindo ao deserto!
nos tb te amamos justiciero, tcha tcha

Zarcas dijo...

Zraaaaaaaaaaaa agora sim me deu vontade de voltar para esse deserto onde finalmente sinto de novo no ar o entusiasmo de viver. A vida companheiros nunca pode cair na inercia....nos tomamos as decisoes apesar de as reacoes serem as vezes inesperadas. Nos acordamos todos os dias e temos o poder de dar o primeiro passo para termos um dia de conquistas no deserto....Pistoleros nunca desistem nunca se conformam e sim lutam. Lutam como se fosse a ultima chance de lutar e celebram sempre como se fosse a primeira conquista. As vezes precisamos de um sustinho pra dar uma acordada p guspir, El Justiceiro, Roteirista, Zezao....que esse susto literario tenha sido o suficiente! El Justiceiro Bem venido novamente ao nosso Pueblo!!!!!! Zraide Zarcas espera anciosa para dar as boas vindas ao novo companheiro. Viva el deserto!

Mari dijo...

Ole. To gostando de ver.

Onde está Zali? E Zezao? Onde está Zizzo, Zotta, Ziwinsky, Zelguis e Zovo?

Onde estao os cavalos?

Y el señor Sara Jevo?

Zali dijo...

jamais fujo!!!
sempre acompanho, mesmo que seja ao longe... comendo a ultima bolacha do pacote!
mto boa essa trama toda!!!!
desperta o almejo pela propagacao da indole de revira-volta!