domingo, 17 de abril de 2011

O muro, a estrada, as férias Parte III

Cena 77

Foco em Zari andando de um lado para o outro, intercalando cenas dela tomando café e fumando um cigarro, com diferentes homens contando para ela sobre os novos crimes: todos com a mesma marca um Z na testa de cada homem. Algumas cenas ela ligando para a casa das pistoleras e não conseguindo falar. Cenas de choro de desespero.


Off

Zari já tinha perdido as contas. Todas as contas. Não sabia mais quantos homens tinham sentado naquele balcão e contado sobre os novos crimes pela redondeza, não sabia quantas vezes tinha ligado para a casa das pistoleras e quantas vezes tentou dormir e não conseguiu. Zari estava começando a achar que estava louca. Tinha saido do deserto, porque não acreditava mais que as pistoleras existiam, que era loucura de sua mente. E agora tão distante, vários homens contavam a mesma história, mas nenhuma delas atendiam o telefone. Zari precisava de férias. E disso ela tinha certeza.

Foco novamente em Zari, ela sai correndo, sobe as escadas, entra no quarto, abre uma mala, abre o armário e joga todas as roupas em cima da cama. Pega mais algumas coisas no banheiro, fecha a mala e desce as escadas. Passa reto pelo salão, abre a porta da cafeteria e:

- Vai viajar?
- Vou visitar meu tio aqui na cidade do lado, está um pouco doente, amanhã estou de volta.

O homem barbudo, com cara de mafioso, vestido de terno azul claro, caminha até a porta, segura na mala e abraça Zari.

- tem certeza?
- tenho. você pode cuidar do café pra mim?

Ele olha no fundo de seus olhos, Zari está contando os segundos, aquele perfume lembrava ventos de romance.

- Não vou cuidar, porque você não vai cuidar do seu tio.

Zari fica muda, respira e fala:

- férias. preciso de férias. a minha mente já não é a mesma.
- são as histórias, né?
- são. afirma ela.

Ele arruma o cabelo, pega a mala da mão dela, segura em sua mão e:

- Isso daqui não é a cidade do México, e nem México. Isso é fronteira e fronteira não tem memória. Quem guarda histórias aqui, morre.

Zari fica branca. sabia uma porção de histórias. Abraça o homem, agradece e fala:

- já volto

Zari abandona a mala, e atravessa o salão até o telefone, liga novamente para as pistoleras, ninguém atende. Chora mais uma vez. Lembra então, do telefone do bar da rua principal do pueblo, liga, toca, toca, toca. Alguém atende.

- Hola!
- Señor Jamirez?
- Si, quien hablas?
- Soy yo, Zari.
- Joder! Zariiii donde estás?
- Mira Jamirez, necesito de tuya ayuda, necesitas apuntar una dirección y después tienes que dejar ai en muro del bar. Mis amigas saben deste recado.
- Si, claro, puedes hablar que apunto aqui.
- Vale. Bueno es la carretera rumo al norte que se llama Paloma Sagrada, la cafeteria se queda a la isquierda, después del bar Zurucumumin. La cafeteria se llama Zatelie!
- Perfecto nina, estás apuntado y cuando vuelves?
- Creo que una semana. Gracias senõr Jamirez. Hasta

Zari desliga o telefone, caminha até o homem barbudo de terno azul, pega a mala e sobe a escada. O homem olha para o salão e resolve subir a escada atrás de Zari.

Corta.

1 comentario:

ZARCAS dijo...

Zraaaaaaaaaaaaaaa!!!!! Nunca nunca desista de me esperar comheira! Eu sempre regresso!!!!!! Saudadesssssss