miércoles, 24 de octubre de 2012

SENTIREMOS SAUDADE


Cena I

Do alto o cenário principal, o bar, todas as mesas quebradas e jogadas no chão, as mesas de sinuca encharcadas de sangue e de pedaços de vidros das garrafas quebradas, no chão corpos estendidos, defuntos e sete mulheres vivas de mãos dadas em círculo.

OFF I

A cena era óbvia por um lado, mais um massacre realizado no bar, mais um vitória das pistoleras. Tinham invadido o deserto, as pistoleras mais uma vez tinham fingido em não saber de nada, esperaram os marujos entrarem no bar para darem o golpe. Tudo tinha saído conforme o combinado. Ou quase tudo. Por outro lado, a cena não era nada óbvia. A partir daquele dia, o deserto não seria o mesmo e quem sabe até as pistoleras.

Cena II

Camera com foco no rosto de Zarcas chorando, e aos poucos em círculo filmando todos os rostos das pistoleras da direita para esquerda depois de Zarcas, Zezão, Zari, Zoroastra, Zol, Zali e Zov. Todas com lágrimas no rosto. No meio do círculo, El Justiciero, deitado, com sete rosas em seu peito.

OFF II

Era difícil acreditar numa morte tão besta. Era difícil de encarar com a dura realidade que o corpo del Justiciero agora era um presunto, sem ketchup, sem molho de tomate. Aquilo era sangue de verdade. El Justiciero morreu com uma facada no coração, e agora deixava para trás toda a sua histórias naquele pueblo, e a pergunta que elas querem a resposta:

- QUEM MATOU EL JUSTICIERO?

martes, 16 de octubre de 2012

Nem o vento



Ninguém voltou. O deserto seguia sem roteiro. Depois de incêndios, de mortes, de drinks, de partidas de sinucas,  de areias voando alto, de chuvas, de ventos, de amores platônicos, de amores perdidos, de choros, de risadas, de músicas, de danças, de ketchups espalhados, de olhares, de corpos estendidos no chão, o deserto encontrava-se em silêncio. E o que mais incomodava é que o silêncio era eterno.

Depois de tantos personagens estampados na primeira página do jornal do pueblo, agora era o mais do mesmo. Zezão, depois de ser retirada da parede, nunca mais deu notícias. Zali procurou um novo pueblo mais animado e com certeza deve ter encontrado. Zarcas, o fenômeno do deserto, desapareceu pela paralela e há indícios que mora hoje num pueblo chamado Zurle Zarx. Zari, depois de ter conseguido morar no café, depois de ter incendiado o café vizinho, voltou para o Pueblo e nunca mais foi vista. A última aparição foi quando choveu forte, dançou com as mãos para o alto até cair no chão. Zoroastra foi vista pela última vez en el dia de los muertos. El Justiciero, o conselheiro do deserto, um dos caras mais espertos e habilidosos que já passou por um gibi, tomou chá de sumiço. As minas ( piram) disseram que ele estava com uma tal de venganza.

O pior disso tudo, não foi que eles tiraram férias, é que o incompetente do roteirista não criou mais  personagem. Ficou ai ao Deus dará, tirou férias, visitou o pueblo vizinho e nunca mais voltou. Ninguém voltou. Os dias continuaram, e só ficaram os figurantes que nem nomes têm.